O que é Borderline?
Síndrome de Borderline ou Transtorno
de Personalidade Limítrofe é uma
expressão utilizada há mais de um século pelos pesquisadores do campo mental,
que dela se valem para apontar uma modificação no limite entre a neurose e a psicose ou, como diriam
alguns, na linha de demarcação entre a razão e a loucura. A pessoa atingida por
esta síndrome apresenta um sério distúrbio psíquico, principalmente na esfera
afetiva, no domínio dos impulsos, nas interações com o outro, na sua
auto-imagem.
O diagnóstico desta perturbação mental
é facilitado pelo próprio transtorno causado pelos sintomas no entorno do
paciente, principalmente por atingir os familiares. Normalmente o indivíduo não
ultrapassa os limites da normalidade, portanto é raro que ele seja enquadrado
em um dos estados emocionais próximos do borderline, tais como a esquizofrenia,
a depressão ou o transtorno bipolar.
Esta enfermidade psíquica não é ainda
muito conhecida, embora afete indiscriminadamente integrantes das mais diversas
classes sociais, pessoas célebres ou anônimas, particularmente as mulheres.
Atualmente, o exemplo mais famoso de personalidade borderline é o da cantora Amy Winehouse, que revela em seu quadro
dimensões radicais desta Síndrome, especialmente traços de autodestruição – os
quais englobam a automutilação, com cortes perpetrados em várias partes do
corpo, com a intenção de amenizar as dores emocionais, ameaças e até tentativas
de suicídio, consumo de drogas, intensos arrebatamentos verbais, ataques de
agressividade, ilusões e alucinações passageiras, impulsividade desenfreada,
sem falar nas constantes alterações de humor, apresentando-se a artista às
vezes agitada, em outros momentos totalmente passiva.
Outras emoções despertadas pelo estado
borderline incluem tristeza, raiva, vergonha, sentimento de pânico, horror,
sensação de vazio e de extrema solidão. A capacidade de obter conhecimento
também se encontra comprometida, levando o indivíduo a interpretações diversas
sobre o outro, em um instante avaliando-o como um ser bom, logo depois o
julgando como uma má pessoa. Além disso, há casos de perda da personalidade e
do contato com a realidade. Entre tantos sintomas diversos, o DSMV fixou nove
pontos essenciais para que se avalie o distúrbio como Síndrome de
Borderline.
A expressão borderline foi utilizada
primeiramente em 1884, pelo psiquiatra inglês Hughes, que assim se referia às
ocorrências de loucura. Passou-se a usar este termo para diagnosticar sinais
muito sérios de neurose. O pesquisador Bleuler julgava os esquizofrênicos como
portadores de borderline. Enfim, em 1938, a palavra borderline é oficializada
por Stern, que a adota para descrever uma modalidade de ‘hemorragia mental’, a
qual ocorre quando se deflagra uma intolerância às frustrações.
As pessoas se
sentem, então, ressentidas, ultrajadas e emocionalmente atingidas. Grinker, em
1967, realiza pela primeira vez a descrição desta perturbação mental.
Estes pacientes têm intensa dificuldade
de se relacionar. Fatores genéticos, abusos sexuais, exposição traumática á
violência, são algumas das causas apontadas para a eclosão deste distúrbio,
pois provocariam desequilíbrio emocional e comportamentos impulsivos.
O reflexo
deste problema na vivência social é muito sério, pois há uma grande dificuldade
de se relacionar com os portadores desta Síndrome, embora seja necessário
amparar e socorrer estas pessoas, principalmente porque o número de suicídios é
muito alto, afetando pelo menos 10% dos pacientes.
Tem-se conquistado resultados positivos
no tratamento desta perturbação ao se recorrer à psicoterapia, principalmente a
cognitiva comportamental. Mas é preciso ser persistente no processo
terapêutico, pois esta enfermidade engloba sérios distúrbios de personalidade,
os quais deixam o ego vulnerável e passível de diversas quedas, de retorno a um
estado de instabilidade.