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Psicóloga clínica que realizou por 10 anos atuação na Saúde mental da PBH e atualmente dedica aos atendimentos particulares. Participa de artigos nas Revistas Vox objetiva e Tendência Inclusiva. Realiza palestras e entrevistas na mídia impressa e televisiva.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Para fugir da rotina por André Martins

                               


Para fugir da rotina

por André Martins
A pequena Alice não tem mais que 4 anos. A pouca idade, no entanto, não diz nada sobre o ritmo semanal intenso da garotinha. Além de frequentar a escola, ela faz balé, aulas de equitação e natação. Isso, sem contar o inglês, língua com a qual a menina tem contato desde os 3 anos. Todas as atividades foram livremente escolhidas por Alice, exceto a natação, considerada obrigatória pela mãe, a psicóloga Ludmila Abuid Cabezas Andrade. Os principais locais que a família frequenta, inclusive no condomínio onde vive, a presença de piscinas acendeu o alerta vermelho em Ludmila.

Tecnologia é algo que Alice começa a ‘tatear' aos poucos. O interesse é percebido pela mãe, que estabelece limites desde já. A intenção é não permitir que a menina vire refém dos objetos que vêm redefinindo o conceito do que é ser criança nos últimos anos. Ao acompanhar Alice no dia a dia, Ludmila sempre reflete sobre a infância vivida por ela mesma. "Eu acho que tínhamos mais liberdade. As minhas brincadeiras aconteciam na rua. Os nossos pais brigavam conosco para que a gente entrasse para casa. Hoje as crianças estão mais paradas. Então temos que ficar a todo momento incentivando nossos filhos a desenvolver atividades que eles gostem e inventando formas de fazê-los exercitar, sair de casa", conta.

A percepção de que a infância mudou não é unicamente de Ludmila. De acordo com a psicóloga infantil Maria Angélica Falci, a fase do desenvolvimento que demanda a consolidação de construções tem sido marcada pela velocidade e pela precocidade impulsionada pela mídia, pelos tecnológicos e, às vezes, até menos pela negligência dos pais. "Não abomino a tecnologia. Sei da importância dela, mas o seu uso por parte de crianças tem sido algo exaustivo e maçante", opina.

Em vez de se adequar ao tempo, Maria Angélica foi na contramão. Substituiu os eletrônicos do próprio consultório por objetos que faziam parte dos momentos de recreação das crianças: jogos de tabuleiro e brincadeiras. "Trabalhar o lúdico desperta um aprendizado de ordem cognitiva e emocional. O prazer se instala de forma aprofundada e não fugaz, como na tecnologia", ressalta. A psicóloga também chama a atenção para a importância da ludicidade e das brincadeiras para o desenvolvimento infantil. "O lúdico estimula a iniciativa, a curiosidade, a criatividade, a autoconfiança e a autonomia, além de propiciar o desenvolvimento da linguagem, da organização do pensamento, da concentração e da atenção. Brincar é essencial à saúde física, emocional e intelectual da criança", pontua.

Queimar energia tem sido uma tarefa inglória para as crianças. A inércia associada a maus hábitos alimentares e de entretenimento são a raiz de um problema considerado doença crônica multifatorial pela Organização Mundial da Saúde (OMS): a obesidade. "Muitas pessoas acham que a obesidade leva ao comprometimento apenas do coração e das artérias, mas, na verdade, a doença compromete os rins, o fígado - que com o depósito de gordura pode evoluir para um quadro de cirrose hepática - e os pulmões, que passam a ter dificuldade para efetuar as trocas gasosas. O obeso geralmente ronca demais porque à noite ele tem obstrução das vias aéreas. Às vezes, ele tem a apneia do sono, quando deixa de respirar de 30 a 40 segundos. Isso pode levar à morte", alerta o presidente do Comitê de Endocrinologia Pediátrica da Associação Mineira de Pediatria, Antônio José das Chagas.

"Cultivar bons hábitos desde a infância contribui para que uma vida saudável seja encarada com leveza," sugere Chagas. Para combater a ameaça da obesidade, as atividades físicas são fundamentais. Se hoje, pelo menos nos grandes centros, as brincadeiras de rua caíram em desuso, há muitas alternativas e atividades que podem ser úteis para fazer com que as crianças se desenvolvam adequadamente. 

Nas academias, as estratégias para ‘segurar' o público infantil é a diversificação de atividades. Aquela rotina de fichas seguidas meses a fio não funciona para as crianças. Nesses espaços, elas quase sempre desenvolvem atividades aeróbicas para queimar calorias. É também nas academias que a natação, as lutas e as danças, associadas a uma alimentação regrada, ajudam a tornar o balanço energético dos pequenos equilibrado.

Para os pais, é imprescindível ouvir o filho e permitir que ele desenvolva a atividade desejada. "A criança deve fazer aquilo com satisfação, prazer e alegria. Assim ela vai fazer, vai se envolver e se dedicar. E vai ser algo importante para queimar calorias e evitar a obesidade", explica Chagas. O endocrinologista ressalta que, além dos benefícios para o corpo, as atividades físicas tendem a tornar a criança mais sociável, proativa e emocionalmente forte.

Férias
Os meses de julho e os fins de ano são dedicados ao descanso da família. Mas na correria do dia a dia, nem sempre é fácil compatibilizar agendas de pais e filhos. Diante desse quadro, é sempre mais fácil e conveniente permitir que as crianças se entretenham com eletrônicos dentro de casa. No entanto, definitivamente essa não é a alternativa mais benéfica.

Oferecidas por muitas escolas, empresas e casas de festa, as colônias de férias proporcionam aos pequenos o contato com a natureza e atividades recreativas e lúdicas. A empresária Monica Fernandes Nunes encaminha os filhos Giovanna e Rafael, ambos de 9 anos, para colônias de férias desde o primeiro ano de vida dos gêmeos. "Acredito que as crianças aproveitem muito mais a infância quando estão em companhia de outras crianças, principalmente com atividades elaboradas por pessoas que trabalham na área da educação. Então eles participam de brincadeiras muito mais saudáveis e lúdicas. E essas atividades os tiram da frente da TV, do computador ou do tablet", analisa a mãe.

As atividades em colônias de férias variam de acordo com a faixa etária. As crianças menores ouvem histórias, desenham, pintam e se divertem com brincadeiras de roda. Além disso, elas têm o contato com brinquedos compatíveis com a idade. Quando maiores, as crianças participam de teatros, oficinas de cozinha e de meio ambiente e de atividades ao ar livre.

Para que os filhos se sintam ainda mais animados para participar das colônias de férias, Monica combina com os pais dos colegas de escola de Giovanna e Rafael para enviarem os filhos no mesmo período. Assim as crianças se encontram e têm contato extraclasse. "A tecnologia existe e é praticamente impossível lutar contra ela. Eles cresceram envolvidos por esse universo e não conseguem ver a vida sem ela. O que precisamos fazer é envolvê-los em outras atividades para que eles experimentem e possam vivenciar outras experiências", opina Monica.

Longe do ritmo intenso das grandes cidades, os hotéis-fazenda surgem como opções repletas de atrativos. São locais ideais para apresentar cenários que muitas crianças desconhecem. Assim os pequenos têm a oportunidade de vivenciar a rotina em uma fazenda. Além da gastronomia típica, com alimentos característicos da roça e feitos de modo artesanal, é possível andar a cavalo, tirar leite de vacas, alimentar animais, colher frutas e realizar outras atividades relacionadas com o campo.

Tem criança na cozinha!
Cozinhar com os filhos é uma alternativa diferente, fonte de prazer e de muito aprendizado para as crianças. Quem tem o hábito de levar as filhas para a cozinha é a veterinária e zootecnista Márcia Cristina Costa Nascimento. Faz tempo que a mãe tem repassado para as filhas Thaís Helena, de 6 anos, e Bianca Cristina, de 5, uma das atividades associadas à história da família. "Eu sempre gostei de cozinha. A minha mãe também sempre gostou. Inclusive eu tenho um caderno de receitas que ela deixou. Decidi introduzir as meninas nesse universo com a intenção de fazê-las gastar energia mesmo. Desde pequenas, elas estão sempre juntas de mim, ajudando", revela a mãe.

Thaís e Bianca têm até roupa apropriada, um avental estampado e um gorrinho. O ‘uniforme' veio da Bahia. A tia das meninas, dona de uma cupcakeria que desenvolve atividades ligadas à gastronomia com crianças, encaminhou o presente às sobrinhas ao saber do gosto delas pelo prazer de cozinhar. 

Muitas das receitas que as irmãs fizeram foram sugeridas por elas. Já alfabetizada, Thaís anota receitas que vê nos programas infantis de TV e repassa os detalhes à irmã. Tapioca, orelhinha, enroladinho e cuscuz são os pratos que elas mais gostam de desenvolver. E se engana quem pensa que o que é feito em casa fica por ali apenas. "Eu tive que fazer uma receita de bolo de casca de banana para enviar para a feira de cultura. Fizemos eu, minha irmã e minha mãe", conta Thaís.

A ida à cozinha não se resume a executar os pratos propostos. Márcia explica que a intenção é estimular os sentidos das filhas e reforçar o aprendizado que, muitas vezes, se inicia na escola. "Sempre eu mostro e estabeleço um diálogo com elas. ‘Isso aqui tem cheiro de quê?', ‘o que vocês acham que tem aqui? Que tempero?'. Tudo isso é feito para desenvolver o paladar, o olfato, o tato - eu deixo elas amassarem quando é possível. Tem também a questão da divisão,... Cada uma faz um pouco da tarefa. Alerto também para a questão da higiene, a necessidade de usar o gorro e lavar as mãos, por exemplo. Nós também fazemos a limpeza juntas e separamos o lixo para a coleta, algo que elas aprenderam na escola", conta a mãe.

Em um tempo em que o contato com os filhos se restringe aos finais de semana, toda a atividade partilhada entre pais e filhos tende a ser positiva, como evidencia a pedagoga Cecília Mata. "É de muita importância a participação e a presença dos pais na vida dos filhos durante toda a vida. É uma forma de repassar para os filhos, os valores, o conhecimento, a convivência e o vínculo com a família", analisa.


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