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Psicóloga clínica que realizou por 10 anos atuação na Saúde mental da PBH e atualmente dedica aos atendimentos particulares. Participa de artigos nas Revistas Vox objetiva e Tendência Inclusiva. Realiza palestras e entrevistas na mídia impressa e televisiva.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

SOBRE JOGOS VIOLENTOS

Em 2008 Respondi este Questionário para um Curso de Direito sobre os Jogos Violentos...Segue um Resumo para Voces lerem,  pois o questionário é extenso. Espero que gostem e o tema é sempre atual.

1ª.) Qual a opinião da senhora sobre os games chamados violentos?
R.: Existe uma representação de violência e sexualidade em alguns games e tem se tornado um assunto muito debatido por Pais, Escolas, Psicólogos e Psiquiatras. Considero a Violência algo mais estrutural / endógeno do que exógeno. Os games estão se identificando cada vez mais com a modernidade e estão muito próximo do que assistimos no dia a dia, e isto se vê também na TV, Filmes, internet e outros meios, acredito que cabe a cada família analisar o conteúdo do que seu(s) filhos estão em contato e mediante a percepção de cada estrutura, limitar o que for  estimular o desenvolvimento inadequado.

2ª.) Estes jogos podem afetar as pessoas, a ponto tornarem-se mais violentas?
R.: Não considero que os jogos sejam únicos responsáveis por estimular a violência entre crianças, acredito muito mais na predisposição a violência e esta estrutura inicia-se muitas vezes no âmbito familiar.
Assistimos uma sociedade muito acelerada em todos os níveis sócio/culturais, e visualizamos na clínica um significativo déficit com relação ao cuidado e atenção dos Pais com os próprios filhos. O único consenso existente entre psicólogos e pais preocupados é que uma boa educação doméstica, aliada ao convívio harmonioso com os filhos, são os melhores remédios contra qualquer tipo de efeito multimídia da violência, seja do computador, vídeo games ou da televisão. Evidente, a regra tem exceções e não é incomum uma criança vir a apresentar mudanças de comportamento sob efeito dos jogos principalmente quando há algum desajuste familiar e esta predisposição latente encontra um “start”. O que considero negativo é que infelizmente a multimídia em alguns casos tem ajudado a violência se tornar algo muito banal e cotidiana.

3ª.) A senhora acha que deveria haver algum tipo de censura em relação aos games?
R.: Acredito que possa haver indicadores de idades pertinentes para o uso de certos games e este indicadores serem orientados pela mídia dos games, principalmente quando a criança está na fase pré-operacional, construindo sua personalidade. Crianças em tenra idade podem se identificar facilmente com a exposição externa, principalmente quando não possuem Pais e/ou responsáveis com fortes valores que norteiem e barrem aspectos negativos em suas vivências.


4ª.) A senhora acha que estes tipos de jogos podem viciar as pessoas?
R.:  Sim. Hoje encontra-se em avaliação a entrada no CID 10 de alguns transtornos, e um deles é  o uso excessivo do computador e seus variantes.

5ª.) A senhora acredita que uma criança ou pessoa saudável do ponto de vista biológico, psicológico e social (BSP) pode se tornar uma pessoa violenta devido à mesma utilizar jogos que contenham violência? E uma pessoa não saudável?
R.: Não, uma pessoa considerada saudável e bem estruturada pode ter seus momentos de rompantes e extravasam emocionalmente mediante qualquer stress muito forte, mas não a ponto de cometer uma violência e principalmente por utilizar um game violento. Uma pessoa predisposta a atos anti-sociais pode ficar mais estimulada a cometer alguma violência mediante vários fatores. Acredito que os games possam influenciar quando certos jovens não conseguem deixar esse mundo da fantasia e querem repetir os atos no mundo real, quando perdem o discernimento e muitas vezes isto acontece por que existe algum transtorno que impera na vida desta pessoa anteriormente e muitas vezes sem diagnóstico e tratamento adequado.

6ª.)  Os games podem influenciar o cotidiano dos adultos também?
R.: Acredito que possa interferir naquele adulto infantilizado, sem muito discernimento da realidade e predisposto a mergulhar muito na fantasia, recurso muito utilizado pelas crianças como válvula de escape das angústias. No adulto amadurecido, não, ele pode até ficar um tempo em contato com este lado lúdico, extravasar as emoções, mas ele logo retorna a realidade e às suas responsabilidades.

7ª.) A  senhora acha que quem utiliza muitos os games como forma de diversão, são pessoas solitárias?
R.: Não. As pessoas que são realmente solitárias tendem a ficar mais quietas, tranqüilas, gostam muito de ler, ter um animal de estimação para cuidar e assistir televisão. Os games são muito utilizados por pessoas mais ativas, com boa energia vital, que gostam de atividades intensas e sentem prazer em ficar mergulhado na fantasia, no mundo imaginário, não quer dizer que os solitários não brinquem, mas não podemos generalizar que quem utiliza são pessoas solitárias, não considero desta forma.

8ª.) A senhora tem alguma consideração a fazer que não tenha sido abordada nas questões anteriores?
 R.: Apenas completando, acredito que não podemos generalizar estas questões. A criança saudável do ponto de vista psicológico encontrará refugo de suas emoções e angústias e se desenvolverá de forma satisfatória e a criança com predisposição patológica encontrará qualquer dispositivo para acelerar sua tendência agressiva e não necessariamente o vídeo game é o grande vilão, pois ele por si só não pode ser o responsável, existe algo que vai além de simples questionamentos, algo que permeia o subjetivo e ambiental de cada pessoa.

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